colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

De novo a Braskem sai incólume da campanha

05/10/2024 - 10:33
Atualização: 05/10/2024 - 14:20

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Nas últimas quatro décadas e meia participei como consultor técnico ativa e diretamente na construção de candidaturas majoritárias em Alagoas, Distrito Federal, Goiás e para o governo brasileiro, com um ranking de vitórias que muito me alegram: presidente da República eleito, duas candidaturas para governador sendo um eleito, quatro candidaturas para prefeitos de capital e outras cidades, sendo 3 eleitos, e na eleição de dois vereadores. De volta à minha terra, pela primeira vez em muitos anos fiquei de fora de uma eleição. Nossos garotos-candidatos abriram mão da expertise técnica e política de muita gente que poderia dar a esta não-campanha outro direcionamento.

Nos últimos 4 anos tenho me dedicado com afinco na busca de soluções para o caso Braskem até hoje em aberto e não resolvido apesar das campanhas insidiosas da empresa dizendo o contrário e do silêncio sepulcral das autoridades. Foram dezena de palestras, um livro que se tornou best-seller global sobre o tema, levantamento pioneiro da dívida da Braskem com credores da empresa em Alagoas (somente realizada 5 anos após o desastre e ingentes esforços da nossa parte), proposta negocial entre as partes (até hoje sem resposta), centenas de artigos no EXTRA e no Extra Online sobre o megadesastre. E o que vemos sobre o principal assunto – em termos ambientais, econômicos, sociais, psicossociais, habitacionais, de mobilidade, para o patrimônio público e o privado de Maceió na presente campanha dos dois principais candidatos? O tema abordado superficialmente, propostas genéricas e carentes de dados concretos pelo candidato governista e de forma acintosamente mentirosa pelo candidato à frente das pesquisas. E segue.

Em Alagoas temos profissionais com o mais alto nível técnico a nível de mundo em relação ao assunto megadesastre provocado pela Braskem, o inquestionável ambientalista e laureado, prof. Dr. José Geraldo Marques, ou o Prof. Ms. Abel Galindo, único engenheiro em Alagoas que enfrentou a Braskem desde o início do problema com opiniões e denúncias sobre os erros técnicos que foram, estavam e continuaram a ocorrer na área da mineração pela Braskem. Outro reconhecido e laureado profissional, criador do ensaio Manifesto Sururu, que propõe um olhar indentitário sobre Alagoas e seu povo, e um estudioso reconhecido dos impactos sociológicos nos afetados e na cidade de Maceió, é o prof. Dr. Edson Bezerra.

A arquiteta e urbanista Isadora Padilha, que desde os primórdios do desastre é figura presente, ativa, arguta – e a rigor a única profissional da sua área a apresentar de forma a nos proporcionar pensar além dos enfrentamentos Braskem x afetados e Maceió com um conjunto de ideias e soluções construtivas que, aproveitadas, sem dúvida alguma fará Maceió dar um salto quântico qualitativo para um futuro Smart e Sustentável e com enorme geração de riquezas para todos.

Pois bem, até onde me consta nenhum dos especialistas citados aos quais, modestamente me incluo, foram procurados pelos candidatos majoritários para ajudar a encaminhar as soluções que eles já têm prontas para a parte destruída da cidade e para área do Pontal da Barra ora ocupada pela Braskem. E o incrível disso tudo é que são propostas no estilo ganha-ganha, mas...

Pelo andar da carruagem se o atual prefeito encaminhar a sua vitória neste 6 de outubro, temos a priori que entender – por suas palavras e desmentidos fakes sobre o Caso Braskem – Prefeitura, que ele seguirá o diapasão atual de obras instagramáveis ou socialmente discutíveis, todas sendo questionadas, algumas tecnicamente outras por sobrepreço – e grande parte não prioritárias ao se cotejar com os graves problemas enfrentado por 98% das pessoas de Maceió.

Vamos continuar com a luta. Vamos lançar no mês de outubro a segunda edição (do esgotado) do livro Rasgando a Cortina de Silêncios. Deixamos para fazê-lo pós eleições para evitar o desvirtuamento das propostas técnico-críticas nele contidas voltadas à solução do problema. Se forem lidas pelas autoridades e empresa ajudarão a encontrar saídas para o megaproblema.

Pena que não tenham sido discutidas seriamente nesta campanha. Eram públicas e disponíveis.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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